Como um plano de negócio pode ajudar sua clínica?

Muitos médicos alimentam o sonho de montar uma clínica médica que reúne uma ou várias especialidades. Pegam-se idealizando como seria o consultório, as salas de exames, funcionários trabalhando, muitos pacientes… Mas quando imaginam os caminhos para tirar a ideia do papel e colocá-la em prática, só conseguem pensar em possíveis riscos. 

Talvez esse receio tenha razão de existir. Apesar de o Brasil ocupar a 138ª posição em abertura de empresas, inclusive na área da saúde, 48% deles fecham as portas em até três anos de atividades. O levantamento é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2021.

Entretanto, existem ferramentas que podem diminuir essas inseguranças, ajudando a avaliar a viabilidade de abrir uma empresa. Um desses instrumentos importantes é o plano de negócio. 

Sobre esse documento, o Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa (Sebrae) descreve que “em cada etapa da trajetória de uma empresa, desde a pesquisa até o desenvolvimento, descreve por escrito os objetivos e quais caminhos devem ser seguidos para alcançá-los”. Por meio do plano de negócio, você tem um panorama sobre a concorrência, os processos burocráticos, metas a alcançar, contratação de funcionários etc. Ou seja, consegue entender o mercado de saúde como um todo, julgar se convém ou não abrir um consultório e ter melhores chances de sucesso. 

Como elaborar o plano de negócio

Agora que você já entendeu o objetivo de um plano de negócio, saiba como elaborar esse documento e como cada etapa pode ajudar sua clínica. Mesmo que você não tenha tantos conhecimentos em administração de empresas, a clínica estará sob o seu encargo, assim como a elaboração desse projeto. Vale destacar que há passos a serem seguidos na elaboração do planejamento e o Sebrae disponibiliza conteúdos que podem te orientar em todos os processos. 

Conheça algumas etapas do plano:

Sumário executivo

Este primeiro item é um resumo do plano de negócio e contém os seus pontos mais importantes. Embora envolva a primeira parte dele, só deve ser elaborado depois da conclusão de todo o documento.  Nele deve constar, dentre outras informações: os dados dos donos da clínica; a experiência profissional de cada um deles; os dados do estabelecimento de saúde; a missão; setores de atividades; capital social etc. É importante que tudo seja feito de maneira bem organizada e detalhadas, para você consultar sempre que precisar se lembrar das principais ações de cada área da clínica. 

Análise de mercado

Esta fase é relevante na preparação de seu plano. Afinal, sem pacientes não há negócios. Eles não apenas se consultam, mas vão em busca de solucionar seus problemas de saúde. Você pode identificar essas soluções se conhecê-los melhor. Para isso, é necessário mapear as características gerais dos pacientes, a localização. Muitas perguntas devem ser feitas. 

Por exemplo, a área em que pretende instalar sua clínica fica em qual região da cidade? Há concorrentes diretos neste bairro ou localidades próximas, que possam competir com você? Qual o poder aquisitivo de quem deverá frequentar o consultório? Eles poderão consumir seus serviços de saúde, sustentando sua receita? Há de se avaliar ainda a facilidade com que os pacientes te encontrarão. São vários os questionamentos antes de definir o local onde montará a clínica, com base em inúmeras informações levantadas. 

Plano de marketing

Dentro deste projeto, o empreendedor da saúde ainda faz um plano de marketing, onde constam as atividades desenvolvidas para atender às necessidades de quem é atendido. Dentro deste tópico, está a descrição de seus serviços de maneira detalhada, estratégias para captação de pacientes, os preços etc. Lembre-se que preço é o que paciente está disposto a pagar pelo que você irá oferecer. A determinação do preço deve considerar os custos do seu serviço e ainda proporcionar o retorno desejado. 

Ademais, pode ser desafiador lotar a agenda esperando retorno somente de indicações de outros pacientes e convênios. Para isso, é importante ter em mente que estratégias de marketing ajudam a atrair público, gerar confiança e credibilidade, promover fidelização e construir uma marca de autoridade. Conhecer seu público-alvo e utilizar o marketing digital voltado a esse público em potencial pode alavancar seu negócio.

Plano operacional e estrutural

Aqui, deve haver uma descrição completa de toda a estrutura que você precisará para colocar em funcionamento a sua clínica. Este item do plano define como a clínica está estruturada em questões como a localização, equipamentos. Por exemplo, se será apenas uma sala para consultas, o detalhamento dos espaços físicos (consultório, recepção etc) é satisfatório. 

No entanto, caso no local sejam realizados exames mais elaborados ou de grande porte, deverá haver uma sala em conformidade com os protocolos exigidos pelos órgãos competentes. Esta etapa ainda supõe a capacidade de atendimento de pacientes por mês, quantidade de colaboradores que atuarão no local, dentre outras particularidades.

Plano financeiro

Contém avaliações sobre os custos para começar uma empresa, despesas, receitas etc. Nessa etapa, você determinará o total de recursos a serem designados para que a clínica comece a operar. O investimento total é formado pela estimativa dos investimentos fixos (pagamento de funcionários, internet, telefone, água, luz); capital de giro (recursos quem a clínica tem para realizar as atividades diárias); investimentos pré-operacionais (gastos antes do início das atividades, como cadeiras de recepção, maca para exame…). 

Esta talvez seja uma das tarefas mais difíceis para quem ainda não iniciou suas atividades. Uma forma de estimar o faturamento da clínica por mês é multiplicar a quantidade de serviços ou procedimentos a serem oferecidos, com base no preço dos concorrentes diretos e o quanto seus potenciais pacientes estão dispostos a pagar. 

Não se esqueça que o plano de negócio deve passar por uma revisão periódica. Apesar de ser de grande importância a elaboração desse projeto, “vale destacar que esse planejamento não elimina os riscos, mas evita que erros sejam cometidos pela falta de análise, diminuindo as incertezas do seu negócio”. É o que esclarece o Sebrae.

Por Tatiana Santos

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